O pão nosso de cada dia

sábado, 2 de julho de 2011

Na segunda-feira acordei no chão!
Explico: meu colchão de ar furou e só percebi quando ele desinflou completamente e amanheci com o corpo todo doído. Passamos boa parte da manhã tentando localizar de onde saia o ar até que achamos um corte mínimo, em uma das extremidades.

A Helena, sempre pronta, trouxe de seu quarto um rolo de fita dupla face e uma caixa de adesivos que comprou aqui. E assim teve início a operação "veda colchão". Quando terminou - depois de se concentrar e fazer caretas como um cirurgião em ação - ela me mostrou o "curativo": uma pilha de adesivos e fitas dupla face tentava impedir que o ar saísse. Não adiantou. No meio da noite já estava no chão novamente.

Na terça-feira acordei cedo, com um firme propósito: não queria mais dormir em cima do carpete! Precisava resolver a questão da cama de ar! Pesquisei na internet e vi que tinha duas opções oficiais: comprar um novo colchão (20 pounds) ou comprar um "repair kit" (um conjunto formado por cola especial e remendos feitos do mesmo material que o colchão) por cinco pounds. Descobri outras soluções alternativas: fitas teflon para material pesado, rubber cement  (não sei o que é) e outras fitas adesivas, entre elas aquela prateada usada em sequestros nos filmes. Tomamos café e decidi ir para a cidade.

Não podíamos ir todos os três porque estávamos esperando duas entregas: o celular novo da Helena e o cabo HDMI da TV. Como chovia, a Helena aceitou alegremente a tarefa de ficar em casa. Disse ao Dudu que ficasse também. Ele estava jogando video game e concordou.

Saí de casa, andei uns 20 metros e escuto alguém correndo atrás de mim: era o Dudu que tinha resolvido vir junto, já munido de seu guarda chuva com a bandeira britânica. Antes de chegarmos ao ponto de ônibus uma tempestade desabou sobre nós. Apesar dos guarda-chuvas ficamos bastante molhados porque a chuva caía em diagonal, ajudada pelos ventos. Mesmo assim, seguimos em frente. O ônibus chegou logo e fomos para a cidade.

Primeira parada: Focus, uma loja tipo Lerroy Merlin, mas menor. Pensei que lá pudesse encontrar o repair kit ou, quem sabe, algumas das poderosas fitas adesivas. Chegando lá vi anúncios espalhados por todo lugar comunicando uma "queima de estoques" por conta do fechamento definitivo da loja. Já havia bem poucas coisas nas prateleiras e não achamos nada que pudesse ma ajudar a remendar o colchão de ar.

Saímos da Focus e, ainda debaixo de chuva, entramos num supermercado Tesco, onde encontrei um colchão de ar para casal por 10 pounds. Já ia comprando quando me dei conta de que, diferentemente da minha, aquela cama de ar não tinha a bomba de encher embutida. O colchão era barato mas eu precisaria gastar mais dez pounds para comprar a bomba. Já ia levando tudo para o caixa, quando desisti. E se aquele colchão também furasse depois de algumas semanas de uso? Eu precisava mesmo comprar o kit para poder conserta-lo. Mas, onde achar?

Perguntei ao funcionário do supermercado e ele me indicou uma loja de camping a poucos metros dali - a Millets (foto acima). Fomos e encontramos o que precisávamos. Chegamos em casa encharcados mas felizes. Na mesma hora fechei o buraco de minha cama. Agora precisava esperar quatro horas para inflá-la e ver se o remendo havia funcionado. Informo que deu tudo certo:o colchão não está como novo, mas aguenta a noite inteira sem murchar. Estamos aguardando a chegada de nossa mudança, então espero que logo possamos dormir em nossas camas.

O Dudu já está cheio de amigos por aqui! Outro dia ouvi alguém batendo na porta e quando abri dei de cara com um garotinho e uma menina que nunca vi na vida:
- Hi, does Eduardo want to play?
Chamei meu filho que saiu serelepe para a rua.

Nossos dias por aqui têm sido assim, bem tranquilos. As crianças acordam tarde, tomam café, brincam, fazem seus tarefas domésticas (nem reclamam mais), saem para passear, jogar bola (o Dudu) ou ficam em casa, na Internet e jogando video game. Eles dão palpites no orçamento doméstico, ajudando a decidir no que vamos gastar e o que não vale a pena. A Helena, apesar da idade, é muito sensata (bem mais do que eu)!

Minha filha elaborou um cronograma com as tarefas pelas quais eles são responsáveis: pendurar e recolher as roupas do varal, arrumar o quarto, recolher seus pertences espalhados pela sala. Ela organizou um quadro colorido e muito sofisticado, com os dias da semana e os horários. Nele estão definidas  as obrigações do Dudu e as da Helena. Os dois estipularam também o "dia do chocolate", quando recebem três pounds para comprar guloseimas. O "dia do chocolate" acontece quatro vezes na semana e está contemplado no quadro da Helena, que fica pendurado no corredor dos quartos - na porta do armário do aquecedor, para ser mais exata.. Eles consultam o cronograma diariamente e assim sabem o que precisam fazer. Muito organizados, eu não fico nem sabendo.

Na quinta-feira, por volta das 19h estávamos famintos e decidimos ir ao supermercado comprar algo para o jantar. Todo mundo sabe que não é aconselhável fazer compras quando se está com fome - a gente perde o foco (normalmente já bem difícil de manter no meu caso) e quer sair comprando tudo o que vê pela frente. Estava assim, meio atabalhoada, quando o Dudu viu umas bandejinhas de camarão e pediu: risotto, risotto de camarão! Nós concordamos na hora e rapidamente fomos para casa já pensando no delicioso jantar que teríamos pela frente.

Chegamos e fui tirando os ingredientes da sacola até que percebi uma falha em nossas compras, falha esta que comprometeria todo o menu: não tínhamos comprado o arroz arbório! Pensei rápido e decidimos adaptar a receita para spaghetti com camarão. Fiz um refogadinho de azeite e alho e segui a dica da Nigella: deixar o azeite e o alho esquentando em temperatura mínima, assim o alho demora (muito) a fritar e vai liberando seu sabor no azeite. Deixamos esta emulsão alho/azeite no fogo por dez minutos e depois acrescentei os camarões, que ficaram cozinhando por uns quatro minutos. Temperamos com sal, pimenta do reino e salsinha e misturamos no spaghetti. Fiquei com medo de que a massa ficasse sem gosto, mas que nada! Ficou uma delícia! Comemos tudo, até raspamos a panela.

Hoje, sábado, fomos para a piscina pública! Ficamos lá por um bom tempo, as crianças subindo e descendo daquele brinquedo inflável e eu lendo um livro maravilhoso que minha mãe me indicou (pelo que sei ela recebeu a indicação pela Renata): The Immortal Life of Henrietta Lacks (livro incrível, também encontrado na livraria cultura, em São Paulo http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=22447050&sid=863562501368324462091018). Interessante notar que o livro custa menos de 12 reais aqui e 42 reais no Brasil. Por que será, né?

As crianças nadaram e se cansaram. Quando estávamos saindo do parque a Helena ainda pediu para subir num dos brinquedos do playground. Deixei e, cinco minutos depois tivemos um acidente: ela se empolgou e, girando muito rápido, bateu o dente numa haste de ferro! Eu ainda vi uma lasquinha do dente dela voando. Não saiu sangue nem nada, mas o dente dela está (mais) torto! A Helena se assustou e sentiu muita dor. Chegando em casa tomou um Tylenol e está melhor. Vejam a foto do novo sorriso dela, tadinha!

É isso, por enquanto! Estamos bem, construindo, dia após dia, nossa vida por aqui.

Um beijo para todo mundo!

Cheers,
Cláudia

Helena, já de sorriso novo e lascado!






Um comentário:

  1. Em primeiro lugar, boa noite Cláudia!
    Fiquei triste em saber do dente da Helena, mas infelizmente acidentes acontecem...vamos agradecer a Deus por ela estar bem!
    Quanto o preço do livro, aí mostra o interesse do brasileiro a leitura...já não se ganha decentemente neste país, e ainda cobra-se muito...como vamos querer brasileiros cultos, se aqui tudo se paga tão caro...
    Triste...muito triste...
    Desejo a vc um ótimo domingo e aproveite o colchão! rs
    Beijos a todos vcs com carinho

    Jacqueline

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